quarta-feira, 29 de abril de 2015

BLW

Uma nova técnica, conhecida entre os especialistas como Baby Led Weaning (BLW), que incentiva a autonomia do bebê durante as refeições, tem conquistado cada vez mais adeptos na Europa, nos Estados Unidos e, mais recentemente, também no Brasil.

Criado pela britânica Gill Rapley, consultora em saúde e autora do livro Baby-led Weaning: Helping Your Baby To Love Good Food ("Baby-led Weaning: ajudando seu bebê a amar boa comida", em português), livro publicado em 2008, o termo refere-se a uma alimentação sem o uso de colheres, papinhas ou mingaus, guiada pelo bebê.

BLW ou "Baby Led Weaning" ou algo como o Desmame conduzido do bebê é uma terminologia americana similar ao termo brasileiro "alimentação complementar", em alguns países no Reino Unido o termo também é assim empregado. Embora seja empregado o uso da palavra desmame (weaning) ele não significa que o desmame seja abrupto, mas o "start" do começo do desmame natural pelo bebê à partir da introdução alimentar. A autora sugere também o significado do termo como "auto alimentação".

BLW é uma introdução gradual e natural da alimentação complementar, sendo o desmame realizado gradualmente sob tempo indeterminado, já que a escolha de passar a comer mais e mamar menos é feita exclusivamente pelo bebê. 

Apesar de parecer complicado, o método nada mais é do que uma descrição de técnicas que algumas mães já praticam há anos, utilizando apenas o velho bom-senso. Assim, descreve uma maneira simples de iniciar a alimentação complementar dos bebês, permitindo que eles se alimentem sozinhos – não há oferta de alimento com a colher e nem oferta de papinhas.

BLW significa deixar que seu filho se alimentar desde o início da introdução alimentar a partir dos seis meses, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, baseada em evidências sobre o momento de maturação do intestino do bebê e à conquista da capacidade de sentar, mantendo o esôfago ereto.

O Método consiste em oferecer os alimentos em dimensões adequadas livremente, em um prato ou até na própria mesinha do cadeirão para que o bebê possa experimentar o alimento independente. Incentiva-se a prática de uma alimentação rica e balanceada o mais possível neste processo.

Essa é a essência do BLW. Sem alimentos batidos, processados ou amassados. O conceito é seu filho comer a comida da família, juntamente com a família e desfrutar junto deste momento prazeroso.


E Como funciona a técnica Baby Led Weaning?

A Baby Led Weaning (BLW) é uma forma de introduzir os alimentos sólidos diferente das papinhas tradicionais. A proposta é que por volta dos seis meses de vida, o bebê comece a fazer as refeições junto com a família, sentado em seu cadeirão. A comida é oferecida picada, em formas e tamanhos que eles sejam capazes de segurá-la com as mãos e levá-la à boca. Assim, a criança vai comer o que quiser e na velocidade que quiser, sem pressão por parte dos pais – o que a incentiva a ter maior confiança. “Os bebês aprendem fazendo. Eles são movidos por curiosidade e querem, naturalmente, manipular e explorar coisas novas — incluindo alimentos”, afirma Gill Rapley.

Quais são as vantagens de introduzir os sólidos com a técnica dos alimentos picados ao invés das tradicionais papinhas?

Segundo Rubens Feferbaum, nutrólogo e professor Livre Docente em Pediatria da Faculdade de Medicina da USP, entre as principais vantagens da BLW estão o incentivo à mastigação — importante no desenvolvimento motor da criança — e a possibilidade da criança descobrir cada sabor e discriminar frutas e legumes. “Algumas crianças rejeitam a papa e não gostam do gosto de vários alimentos combinados. Comendo separadamente aumentam as chances de experimentar uma maior variedade de comidas”, diz o nutrólogo. Com o alimento picado, a criança sente o gosto, a consistência e outros detalhes que não seriam possíveis em uma papinha.

Além disso, sem ser batido ou triturado no liquidificador, o alimento mantém propriedades importantes, como as fibras que podem auxiliar no bom funcionamento intestinal. Outro benefício é que o fato de o bebê comer de forma devagar, aprendendo aos poucos a mastigar sua comida, também combate a obesidade infantil. De acordo com um estudo conduzido por uma equipe da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, bebês que tiveram a introdução dos sólidos baseada na técnica BLW são mais propensos a comer de forma saudável e a ter um bom IMC (índice de massa corporal) na vida adulta.

Quais cuidados os pais devem tomar ao escolher essa técnica?

O primeiro é entender que nem toda a criança vai estar preparada para isso. Os especialistas acreditam que os bebês que são amamentados, por já treinarem a musculação da boca ao sugar o peito da mãe, aceitam melhor a comida picadinha. No entanto, quando a introdução dos sólidos ocorre antes do sexto mês de vida ou antes que a criança consiga se sentar, ela pode ser rejeitada.

Além disso, “os alimentos não podem ser cortados em pedaços muito pequenos e, dependendo da consistência, alguns não podem ser fornecidos deste modo. Outro ponto importante é que com esta técnica, as crianças se alimentam sozinhas e, desta forma, podem não consumir a qualidade e a quantidade necessárias para seu crescimento e desenvolvimento”, explica Ilana Elman Grinberg, nutricionista especialista em Nutrição Clínica. É preciso ter bastante organização na criação do cardápio. 

Neste sentido, a papinha oferece maior confiança às mães, pois elas sentem que a criança consome todos os grupos alimentares e nutrientes essenciais para uma refeição. A falta desse processo pode gerar insegurança. Por isso é importante ter o acompanhamento de um pediatra ou nutricionista e respeitar se a família tem o perfil para prosseguir com essa técnica.

 
Com a técnica BLW há chances de o bebê engasgar?

O bebê pode engasgar com qualquer tipo de técnica de introdução aos sólidos — ou até mesmo com o leite. Por isso, por mais autonomia que a BLW dê para a criança, é importante que os pais estejam sempre observando a alimentação dos pequenos. “No caso da técnica BLW, é preciso tomar cuidado com alimentos que possam favorecer engasgos graves, como tomate cereja ou ovo de codorna”. Também é preciso retirar cascas, caroços e sementes. Legumes cozidos são mais macios e fáceis de serem consumidos.

 
É possível mesclar essa técnica com a introdução tradicional, oferecendo papinhas e alimentos picados alternadamente?

Como a BLW propõe que o bebê faça suas próprias escolhas e desenvolva sua autonomia, os defensores desta técnica não indicam uma alimentação guiada pelos pais, com colheres e alimentos batidos. Mas nada impede que as duas formas de introdução aos sólidos sejam testadas pelos pais, a fim de identificar com qual delas cada criança se adapta melhor. Assim a papinha garantiria o consumo de todos os nutrientes importantes para o desenvolvimento infantil e a criança também teria as experiências sensoriais com os alimentos.

As principais vantagens do BLW:

- permite que os bebês explorem sabor, textura, cor e cheiro dos alimentos;

- encoraja independência e confiança;

- ajuda a desenvolver a coordenação visual-motora e as habilidades de mastigação;

- reduz a probabilidade das crianças virem a ter algum tipo de frescura com a comida, tornando menos frequentes as “batalhas” travadas na hora da refeição.

- aumente o tempo de convivência à mesa e consequentemente observam mais os pais.

 
Segundo Rapley, o método considera o modo de desenvolvimento dos bebês no primeiro ano de vida, sendo que aos seis meses a MAIORIA dos bebês é capaz de sentar-se ereto, pegar objetos com as mãos e levá-los à boca e mastigar coisas, ainda que não tenham dentes. O que faz bastante sentido também, já que antes da resolução de 2003, a OMS antigamente preconizava a introdução de alimentos a partir dos 4 meses de idade. Assim, fazia-se necessário iniciar com papinhas homogêneas, pois o bebê, aos quatro meses, não tem maturidade – nem do ponto de vista motor, nem do ponto de vista fisiológico – para receber alimentos na forma sólida. Intuitivamente, segundo a experiência da própria autora, aos seis meses, as mães costumavam iniciar a introdução de sólidos.

 
Como podemos tornar o ambiente mais seguro possível  e praticar o BLW com a maior tranquilidade e segurança, de forma que os benefícios sobreponham os riscos?

Antes de tudo, vamos relembrar algumas recomendações essenciais:

  1. Estar ciente das manobras de desobstrução que você pode fazer em casa.
  2. Insistir para que as crianças comam à mesa, sentadas. Evite alimentá-las enquanto  correm, andam, brincam, estão rindo. Não deixá-las deitar com alimento na boca.
  3. Supervisione SEMPRE a alimentação de crianças pequenas.
  4. Fique atento às crianças mais velhas. Muitos acidentes ocorrem quando irmãos ou irmãs mais velhas oferecem objetos ou alimentos perigosos para os menores.
  5. Evite comprar brinquedos com partes pequenas e mantenha objetos pequenos da casa fora do alcance das crianças. Siga a recomendação da embalagem dos brinquedos, com relação à idade ideal para aquisição. E não permita que crianças pequenas brinquem com moedas.


Os princípios básicos de uma boa nutrição para crianças se aplicam igualmente para bebês que estão no BLW. Melhor ainda se vocês contarem com a ajuda de uma nutricionista. Mas, de uma forma geral, uma vez que o bebê é candidato ao BLW, não há necessidade de restringir os alimentos que podem ser oferecidos ao bebê (a menos que exista histórico familiar de alergias ou suspeita de alterações no sistema digestivo).
Idealmente, ofereça frutas e legumes levemente cozidos para que fiquem macios o suficiente para serem mastigados com a gengiva e duros o suficiente para que não sejam amassados com facilidade e dissolvidos durante a preensão palmar. Inicialmente, é melhor oferecer as carnes em pedaços grandes, para serem apenas explorados e sugados. Cortar as tiras de carnes no sentido transversal das fibras irá ajudar os bebês a retirar fiapos de carne com a força da mordida – ainda que não tenham dentes.

Um bom guia para o tamanho e forma necessária é o tamanho do punho do bebê, com um importante fator para se ter em mente: bebês pequenos não conseguem abrir o punho intencionalmente. Assim, eles não conseguem pegar um alimento e soltá-lo dentro da boca, ou seja, irão morder apenas o que sai pra fora do punho fechado. Isso significa que eles tem melhor desempenho com o que tem forma de batata-frita ou tem uma “alça” (como o cabo do brócolis, por exemplo). Eles então podem mastigar o pedaço que está saindo para fora do punho fechado e soltar o restante depois – geralmente enquanto eles estão tentando pegar o próximo pedaço que parece mais interessante. Frutas e legumes escorregadios podem ser deixados com a casca, para facilitar a preensão. Conforme suas habilidades são adquiridas, menos comida será desperdiçada.

Essa é minha sobrinha: Catarina com 9 meses praticando BLW, na primeira foto com Couve-flor e na segunda com um Temaki só de arroz.

 
 
 
 
 
 
 
 
Minha conclusão e opinião é que este método é bastante interessante nos seguintes aspectos:
socialização,  autonomia, maior chance de aceitabilidade, desenvolvimento buco maxilo facial e motor.

È preciso considerar que o método foi desenvolvido por uma britânica e foi difundido por toda Europa e USA, são culturas muito diferentes da brasileira. O povo brasileiro um pouco mais "protetor", as crianças são criadas normalmente, sob maior supervisão.
A personalidade de cada criança também deve ser considerada. Há crianças mais independentes, outras mais tímidas, outras curiosas. O método pode não se mostrar eficaz às crianças pouco curiosas ou preguiçosas.

A BLW não deve ser praticada jamais sem supervisão de um adulto. Portanto não deve ser encarada como um escape das obrigações maternas e paternas. Bebês e crianças são seres totalmente dependentes dos pais.
 
 

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